Seja bem-vindo à primeira publicação no nosso blog da série que vamos dedicar aos principais elementos da gramática inglesa. Nos próximos meses, veremos algumas das áreas gramaticais que habitualmente representam uma dificuldade para os falantes nativos de português. Hoje oferecemos-lhe uma primeira abordagem às estruturas básicas do inglês e algumas respostas sobre o porquê dos portugueses cometerem determinados erros. E, no final do artigo, encontrará um exercício prático para comprovar se esteve atento. Prepare-se para dizer adeus ao seu Portinglês!
Categorias gramaticais (ou classes de palavras)
Lembro-me que há uns anos, durante uma aula que estava a dar para adolescentes, mencionei algo sobre um substantivo. Uma aluna interrompeu-me educadamente levantando a mão e perguntou: "O que é um substantivo?". Os restantes alunos começaram-se a rir, mas eu admirei a sua atitude. São muitos os professores que partem do princípio (erradamente) de que toda a gente conhece a terminologia linguística básica. Mas o que é realmente um substantivo? E um advérbio? Antes de mais, é necessário certificar-se de que os alunos dominam os termos utilizados para fazer referência às quatro categoriais gramaticais principais, que são as mesmas tanto em inglês como em português:
- Um substantivo ou nome (noun) é uma palavra que representa um objeto, por exemplo, "a chair" ("uma cadeira") ou um conceito, como "happiness" (a felicidade).
- Um verbo (verb) é uma palavra que representa uma ação, como "to run a marathon" ("correr uma maratona") ou um estado ou situação, por exemplo "to have a car" ("ter um carro").
- Um adjetivo (adjective) é uma palavra que indica uma característica de um nome: "a big house" ("uma casa grande").
Um advérbio (adverb) é uma palavra que…
- modifica o significado de um verbo: "He drives quickly" ("Ele conduz rápido");
- modifica o significado de um adjetivo: "a really big house" ("uma casa realmente grande");
- modifica o significado de uma frase ou de uma oração completa: "Fortunately, I remembered to phone my sister" ("Felizmente, lembrei-me de ligar à minha irmã").
Deseja praticar estas categorias gramaticais?
Ordem das palavras
Agora que já sabemos como se designam e que função desempenham os elementos principais da língua inglesa, podemos começar a ver de que forma se combinam as palavras. Uma das principais diferenças na ordem das palavras entre inglês e português diz respeito ao uso dos adjetivos. Em inglês, o adjetivo aparece sempre antes do substantivo. Por exemplo:
- um homem alto → a tall man ("tall" = adjetivo; "man" = substantivo)
- uma reunião útil → a useful meeting ("useful" = adjetivo; "meeting" = substantivo)
Para além dos adjetivos, o inglês tem umas regras muito rigorosas relativamente à ordem das palavras quando se trata dos verbos. Vejamos se é capaz de descobrir um erro muito comum na seguinte oração:
- The rain stopped and appeared the sun (A chuva parou e apareceu o sol).
Encontrou-o? Lembre-se que em inglês o verbo costuma aparecer depois do sujeito, que corresponde à pessoa ou coisa que "realiza" o verbo. Na primeira oração do exemplo anterior, o sujeito é "the rain" e o verbo "stopped", ou seja, essa parte está correta. Contudo, na segunda oração, o sujeito é "the sun" e o verbo "appeared", pelo que seria necessário corrigir a ordem: "… and the sun appeared". Em português é frequente encontrar igualmente a ordem sujeito + verbo (por exemplo, "Um dos maiores políticos da atualidade morreu hoje"). O problema é que a língua portuguesa é muito mais flexível neste aspeto, e também é possível dizer "Morreu hoje um dos maiores políticos da atualidade", o que pode induzir em erro quando os portugueses constroem frases em inglês.
Conjugação verbal
Ainda que alguns aspetos da aprendizagem do inglês sejam complicados, as regras básicas de conjugação são muito simples. Como provavelmente já terá estudado em numerosas ocasiões, utiliza-se quase sempre a forma básica do verbo para quase todos os sujeitos; a única exceção é o presente com he/she/it, no qual se acrescenta a letra "-s" (ou "-es" para determinados verbos). Assim, por exemplo, o verbo work conjuga-se da seguinte maneira:
- I work / You work / He works / She works / It works / We work / They work
- (Eu trabalho / Tu trabalhas / Ele trabalha / Ela trabalha / Você trabalha / Nós trabalhamos / Vós trabalhais / Eles/Vocês trabalham).
Para formar o Past Simple (pretérito perfeito), na maioria dos verbos é apenas necessário acrescentar "-ed" à forma básica. Continuando com o exemplo do verbo work, podíamos dizer:
- Yesterday I worked / you worked / he worked / etc.
- (Ontem trabalhei / trabalhaste / trabalhou / etc.)
No entanto, como provavelmente terá comprovado durante os seus anos escolares, existem muitos verbos em inglês que têm formas irregulares para o passado. Por exemplo, o verbo "go" é irregular, e a sua forma para o passado é "went". Como saber quais são os verbos irregulares? Infelizmente, a forma mais habitual passa por estudar vastas listas de verbos irregulares, um dos piores pesadelos de todos os estudantes de inglês do mundo.
Continue a aprender mais sobre os verbos em inglês.
Auxiliares (e modais)
Com estas regras tão simples para a conjugação verbal, como é que os anglófonos conseguem falar noutros tempos verbais que não sejam o presente e o passado? É aqui que surgem os verbos auxiliares. São pequenas palavras que se utilizam em combinação com os outros verbos, com a função de modificá-los de alguma maneira. Um bom exemplo é o auxiliar "will" que, quando se utiliza juntamente com a forma básica de outro verbo, expressa uma ideia no futuro. Por exemplo:
- ("will" = auxiliar) + ("rain" = verbo) → Maybe it will rain tomorrow (Talvez vá chover amanhã).
Alguns auxiliares (denominados modals ou modais) podem ser utilizados para modificar não só o tempo verbal, mas também o significado. Por exemplo, podemos combinar o verbo modal "can" com uma forma básica de um verbo com o objetivo de introduzir numa frase a ideia de capacidade:
- ("can" = auxiliar) + ("run" = verbo) → Sarah can run ten kilometres (A Sarah é capaz de correr dez quilómetros).
Do mesmo modo, podemos utilizar o verbo modal "should" para introduzir uma recomendação numa frase:
- ("should" = auxiliar) + ("visit" = verbo) → You should visit Berlin in summer. It’s wonderful (Devias visitar Berlim no verão. É maravilhosa).
Repare que os modais não se comportam como os verbos normais. Não podem ser conjugados, e apenas adquirem sentido quando são utilizados juntamente com outro verbo, o que pode ser confuso para os portugueses, já que muitas das traduções desses modais (poder, dever, etc.) são verbos principais em português.
Tente fazer este exercício relacionado com os verbos auxiliares.
Formação de frases negativas
Não podemos negá-lo: o inglês tem estruturas muito simples para conjugar os verbos, mas o mesmo não se pode dizer relativamente à negação. Lembro-me de quando comecei a estudar português e me apercebi de que qualquer frase podia ser construída na negativa ao acrescentar simplesmente a palavra "não". Mais simples era impossível! A negação inglesa depende, uma vez mais, dos verbos auxiliares. Apesar de não ser difícil, implica a utilização do auxiliar que corresponda ao tempo concreto ou à ideia que se pretende expressar. Assim, as versões na negativa de alguns dos exemplos anteriores seriam:
- (Present Simple) I work → I don’t work; He works → He doesn’t work (Eu trabalho → Eu não trabalho; Ele trabalha → Ele não trabalha).
- (Past Simple) Yesterday I worked → Yesterday I didn’t work (Ontem eu trabalhei → Ontem eu não trabalhei).
- (Future Simple) It will rain → It won’t rain (Vai chover → Não vai chover).
- (Recomendação) You should visit Berlin → You shouldn’t visit Berlin (Devias visitar Berlim → Não devias visitar Berlim).
Formação de perguntas
Tenho de pedir novamente desculpa relativamente às regras básicas para fazer perguntas interrogativas no meu idioma nativo. Fazer perguntas em português é fácil: geralmente, utilizam-se as mesmas formas verbais que são utilizadas nas orações afirmativas, acrescentando-se simplesmente a entoação própria de uma pergunta. Em inglês as coisas são um pouco mais complicadas, novamente por causa dos desagradáveis auxiliares, já que para fazer uma pergunta normalmente é necessário inserir um auxiliar antes do sujeito. Não é difícil, porém, tal como vimos anteriormente, o auxiliar tem de corresponder ao tempo correto:
- (Present Simple) → Do you work here? (Trabalha aqui?)
- (Past Simple) → Did you work yesterday? (Trabalhou ontem?)
- (Future Simple) → Will it rain tomorrow? (Vai chover amanhã?)
- (Recomendação) → Should I visit Berlin? (Devia visitar Berlim?)
Acha que já conseguiu perceber? Agora tente formular uma pergunta gramaticalmente correta no decorrer de uma conversa rápida. Nem sempre é tão fácil quanto parece!
Mais sobre a formação de frases negativas e perguntas.
Não se assuste demasiado com todas estas regras. Lembre-se que o objetivo principal de qualquer idioma é comunicar, e que não é obrigatório demonstrar uma gramática impecável o tempo todo. Mas com um pouco de prática conseguirá chegar longe. Agora pode fazer este breve exercício prático baseado na informação deste artigo.
Exercício:
Cada uma das frases que se seguem contém um erro gramatical. Encontre-o e corrija-o.
1. Kate play tennis every Saturday.
2. He can plays the piano.
3. You went to the concert yesterday?
4. I think it don’t rain tomorrow.
5. Yesterday morning, John drinked a cup of tea.
6. It was an experience very interesting.
7. Cars cause some problems but exist many alternatives.
(Respostas abaixo)
1. Kate plays tennis every Saturday.
2. He can play the piano.
3. Did you go to the concert yesterday?
4. I think it won’t rain tomorrow. / I don’t think it will rain tomorrow.
5. Yesterday morning, John drank a cup of tea.
6. It was a very interesting experience.
7. Cars cause some problems but many alternatives exist.
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